segunda-feira, 10 de março de 2014

A liberação feminina - editorial do JC n°9



Muito já se falou sobre a liberação feminina. A emancipação da mulher já foi tema de filmes, novelas, artigos de opinião e até de seriado de televisão. No dia 24 de maio de 1979 estreava na TV brasileira o seriado Malu Mulher, exibido pela TV Globo,  cujos episódios retratavam problemas que a mulher brasileira enfrentava na sociedade da época.

Imagine o jovem leitor (que possivelmente desconheça as quase impenetráveis muralhas que as mulheres enfrentavam há poucos anos atrás) que o sexo feminino foi considerado inferior e incapaz e posto à margem da sociedade por um longo tempo.

Exiladas do mundo acadêmico e do mercado de trabalho, muitas mulheres não trilharam carreiras de sucesso profissional porque eram proibidas pelos maridos de estudar e trabalhar. Um pensamento retrógrado como esse nos dias hodiernos mais parece piada, contudo essa era a triste realidade que milhares de mulheres brasileiras enfrentavam. Quantas médicas, professoras, advogadas não perdemos por conta dessa postura antiquada?

O capítulo de estreia de Malu Mulher, protagonizado por Regina Duarte, aborda o processo de separação de Malu e Pedro Henrique. Depois de muitos desentendimentos, agressões físicas e verbais, Malu decide se separar do marido. Ao longo do seriado, o telespectador acompanhou as dificuldades da protagonista para sustentar a casa e cuidar da filha.

Desquitada, Malu foi alvo de preconceito e críticas. Num dos episódios, Malu é convidada para um casamento de família. Antes de chegar à festa, sua mãe lhe pede para não dizer a ninguém que estava separada. Isso porque o desquite era uma vergonha naqueles dias. No início dos anos 70, se uma mulher pedisse o divórcio, por qualquer que fosse o motivo, era vista quase como prostituta. Tantos outros casos polêmicos foram retratados no seriado, e a história de  Malu decerto ia emocionando muita gente. Várias mulheres brasileiras se viram na tela da TV.

Felizmente, muitos dos problemas outrora enfrentados, hoje já foram solucionados. Ainda assim, é preciso ter consciência que tais dificuldades não foram resolvidas num passe de mágica. Muitos se empenharam em favor da liberação feminina. Nossas conquistas custaram lágrimas, suor, sangue.

Salve as pioneiras que lutaram em favor de todas as mulheres para que estas pudessem alcançar os lugares mais altos de nossa sociedade. Médicas, dentistas, pedagogas, professoras, arquitetas, juízas, senadoras, deputadas, presidenta. Como se pode ver, territórios foram alcançados, domínios foram conquistados. Que o 8 de março de 2014 seja para celebrar a nova fase que descortina em nossa nação.

 

Jornal do Círculo - n°9